segunda-feira, 7 de março de 2011

A propósito de inclusão:

Educar para uma sociedade “inclusiva” é lema universal, subentende-se conhecer toda uma complexa realidade individual do “outro”, não o julgando, dando-lhe uma oportunidade.
As políticas de inclusão e mecanismos normativos de protecção à humanidade contribuem de forma “camuflada” ao aumento da discriminação num sentido negativo, adversando a ideia da discriminação positiva no que se refere aos governos, na busca resultados eficazes. Segundo Habermas (2002) a inclusão do ”outro", leva-nos a pensar que as fronteiras da sociedade estão abertas a todos, nomeadamente àqueles que são estranhos uns aos outros e que desejam continuar sendo estranhos. Tal ideia permite que possamos considerar a inclusão não como um processo de normalização do outro, antagónicamente leva-nos a entendê-la como uma abertura da sociedade social à diferença,  por opção própria.
A título de exemplo reporto-me à mudança do termo raça por étnico, reitificada pelos organismos governamentais, Duarte et al. (2005) afirmam que tal mudança remete “… para o obscurantismo ideologias, preconceitos e práticas sociais assentes na essencialização das classificações raciais.… onde a tónica da construção do outro é transferida da dimensão racial para a dimensão cultural…Assim e num esforço de expropriação da conotação negativa da linguagem oficial e do senso comum  construção do “outro” leva-nos imediatamente a uma diferenciação. Patente nos discursos realizados sobre as comunidades ciganas onde a ideologia, preconceito e discriminação surgem segundo Goldberg numa “narrativa escondida” (2000, citado por Duarte at al, 2005, p.15).
Assim, a inclusão na sua conceptualização não significa tornar todos iguais, mas sim, respeitar as diferenças de forma igualitária. Não sendo necessário acabar com as diferenças nem à igualdade de sujeitos sociais. A inclusão deve sim ser direccionada à igualdade de direitos para todos os ditos “ diferentes”. Concordando com Santos (1999) “ Temos o direito de sermos iguais, quando a diferença nos inferioriza; e de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza.” (p.44)

                                                                               Florbela Dias
Referências Bibliográficas                                         
Habermas, J.(2002). A inclusão do outro: estudos de teoria e política.São Paulo: Loyola.
Duarte, Castro, Afonso, Sousa, Antunes & Antunes. (2005). Coexistência inter-étnica, espaços  
    e representações sociais. Lisboa: Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas.

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